domingo, 31 de outubro de 2010

Número 3 (primavera de 2010)


Número 3 (primavera de 2010)
comemorativo dos 150 anos de Jigoro Kano shihan.

Número Especial

No aniversário de 150 anos do prof. Kano, não poderíamos deixar de publicar um número especial somente sobre sua vida e obra.
Como sua biografia é bem conhecida, procuramos enfocar pontos interessantes, importantes e pouco conhecidos de sua carreira.

A Vida

Jigoro Kano (em japonês 嘉 納 治 五 郎 Kanō Jigorō) nasceu em Mikage (uma vila que hoje faz parte de Kobe) a 28 de outubro de 1860 e foi o fundador da arte marcial Judô. Mais que isso, ele reformulou a educação no Japão.
De uma família tradicional, ele era neto de um fabricante de sakê (cachaça de arroz) e filho de um monge xintoísta. Perdeu a mãe aos 9 anos e, aos 10, foi mandado a Tokyo para estudar.
Media 1,50 e pesava 45 Kg.
Sempre subjugado nos jogos e brigas escolares, Jigoro Kano buscou fortalecer-se por meio do jiu-jitsu, tradicional arte marcial no Japão.
Iniciou-se com o mestre H. Fukuda. Muito mais tarde, sua neta, Keiko Fukuda, veio a ser aluna de Kano e recebeu a faixa preta de mestre Mifune, 10º dan. Ela dá aulas até hoje, aos 97 anos, sendo a mulher mais graduada do mundo: faixa vermelha 9º dan do Kodokan.
J.Kano aos 17 anos de idade treinando jiu-jitsu.
Após herdar os pergaminhos secretos de dois de seus mestres, Kano catalogou os golpes, afastou aqueles perigosos e os ineficientes, criou a roupa de prática (judogi), desenvolveu os katas e estabeleceu a progressão pedagógica para ensino das técnicas (gokyo)
Em 1878, fundou o primeiro clube de “baseball” do Japão. Kano também era poliglota, pois falava quatro línguas, além do japonês, francês, alemão, inglês e chinês.
Graduou-se em Filosofia e Ciências Políticas pela Universidade Imperial de Tokyo.

Kodokan




Em 1882, aos 22 anos de idade, criou sua própria escola, com 9 alunos e uma sala de treinos de 12 tatamis, no dojo (sala de meditação) do templo budista Eishoji, em Tokyo.

Mestre Emeri, de Brasília, no pórtico do Templo Eishoji em 2010.

Era comum vê-lo à noite, após os treinos, com uma lamparina numa mão e um martelo na outra, consertando os estragos no soalho do templo feitos pelo treino. “Uma pessoa tão boa, tão instruída, pena que foi se meter com esse negócio do judô”, comentavam os monges. Ele chegava sempre tarde em casa e já encontrava os filhos adormecidos. Teve 9 filhos com Sumako com quem se casou em 1891.





Em 1922, foi eleito para a Casa dos Lordes ( = Câmara Alta do Parlamento Japonês).



Na catalogação e comparação das técnicas das várias escolas de jiu-jitsu, ele diz que sentia um princípio que permeava todas as técnicas. Finalmente, ele descobriu: era o princípio da eficiência máxima, com o menor esforço. Descobriu, assim, o Sei Ryoku Zenyo. Revisou todas as técnicas e eliminou as que não correspondiam a tal princípio. Criou também o Jita Kyoei, a prática para o benefício de todos. Estavam estabelecidos os dois princípios máximos do Judô. Em suas próprias palavras: “A razão pela qual adotei o nome de Judô ao invés de Jiu-Jitsu, baseia-se no fato de que meu método não é somente uma arte (Jitsu), mas também uma doutrina (Do). A arte é cultivada, mas a essência do Judô é a doutrina.”




Dois judokas de Brasília no shomen do Kodokan, ao lado de Y. Kano, neto de Jigoro Kano.




O Kodokan de hoje (inaugurado e declarado Centro Internacional de Judô, no centenário de sua fundação) tem 8 andares com restaurante, alojamento, museu, 7 dojôs, sendo que o do 7º andar tem 4 áreas oficiais de 10 x 10 m.(mais de mil metros quadrados) e o shomen com a mesa de Kano. O 8º andar é uma arquibancada para 900 expectadores e locais apropriados para filmagem e transmissão por TV.

Máximas do mestre

Abaixo, selecionamos 31 máximas de Jigoro Kano, as quais todo judoka deveria saber de cor:

• O adversário é um parceiro necessário ao progresso, a vida da humanidade baseia-se neste princípio”.
• “Não se envergonhe por causa de um erro, você estaria cometendo uma falta”.
• “É somente através da ajuda mútua e das concessões recíprocas que um organismo agrupando indivíduos em número grande ou pequeno pode encontrar sua harmonia plena e realizar verdadeiros progressos”.
• “Vencer o hábito de usar a força contra a força é uma das coisas mais difíceis do treinamento do judô. Caso não se consiga isto não se pode esperar progresso”.
• “A simplicidade é a chave de toda arte superior, da vida e do judô”.
• “Sutileza na técnica e finura na estética são úteis para a eficácia da arte, mas escapam a qualquer descrição”.
• “A derrota na competição e no treinamento não deve ser uma fonte de desânimo ou de desespero. É sinal da necessidade de uma prática maior e de esforços redobrados”.
• “Os katas são a estética do judô. É no kata que está o espírito do judô, sem o qual é impossível perceber o objetivo”.
• “Será que existe um princípio que realmente se aplique a todos os casos? Sim, existe um, é o princípio da eficácia máxima na utilização do espírito e do corpo. Dei a este princípio, de uma generalidade absoluta, o nome de Judô”.
• “O judô ultrapassou o estágio primitivo da utilidade para atingir o de uma ciência e de uma arte”.
• “A estabilidade mental (ou uma calma inabalável) é um fator importante numa luta de judô. Seria ainda mais importante caso se tratasse de uma luta de vida ou morte”.
• “O judô deve existir para o benefício do homem e não o homem para o judô (competição)”.
• “Em qualquer espécie de treinamento o ponto mais importante é libertar-se dos maus hábitos”.
• “A idéia de considerar os outros como inimigos só pode ser loucura e fonte de regressão”.
• “O judô é uma arte e uma ciência. Ele deve ser mantido acima de toda a escravidão artificial e deve ser livre de qualquer influência financeira, comercial e pessoal”.
• “O valor de uma coisa depende da maneira como a abordamos mentalmente e não da coisa em si”.
• “O alto valor da habilidade e da qualidade da arte só pode ser obtido elevando-se acima da dualidade da competição”.
• “O judô não deve ser revestido por um rótulo nacional, racial, político, pessoal ou sectário”.
• “Quando se percebe a potência do judô, compreende-se que não pode usá-lo levianamente, pois ele pode ser tão perigoso quanto uma espada desembainhada”.
• “O melhor uso que se pode fazer de uma espada é não utilizá-la, o pior é servir-se dela”.
• “Ambição e rivalidade, cuidadosamente dosadas, são estimulantes do progresso. Porém em quantidade excessiva, transformam-se em venenos destrutivos”.
• “À medida que se progride no estudo do judô, o sentido de confiança em si mesmo, base do equilíbrio mental, se desenvolve”.
• “A habilidade é função de um ato inconsciente automático. O controle consciente de todos os fatores é impossível, pois uma entrada só é possível num espaço de tempo igual ao de um raio”.
• “A saída de vida depende do jogo harmonioso de nossos instintos”.
• “Tender à perfeição é o princípio do treinamento de judô”.
• “Cada ação do corpo é tão importante quanto um elo numa corrente”.
• “Devemos nos lembrar que a essência do esporte não está na marca ou no placar, mas nos esforços e na habilidade despendidos para atingi-los”.
• “A maneira de treinar depende de uma ação consciente, mas o objetivo do treinamento é conseguir o domínio da técnica, o que é inconsciente”.
• “A dualidade e a condição da vida. Sem opostos nem contrastes, a vida não é vida”.
• “O judô pode ser considerado como uma arte, ou uma filosofia do equilíbrio, bem como um meio para cultivar o sentido e o estado de equilíbrio”.
• “Somente se aproxima da perfeição quem a procura com constância, sabedoria e sobretudo muita humildade.”


http://pt.wikiquote.org/wiki/Jigoro_Kano em 08/03/2009

Últimos dias do mestre Kano

Mestre Kano realizou várias viagens ao exterior para divulgar o Judô.

Embarcou já febril, na volta de uma reunião do Comitê Olímpico Internacional no Cairo, justo a que decidiu realizar os Jogos Olímpicos de 1940 no Japão.

Faleceu de pneumonia a bordo do transatlântico S.S. Hikawa Maru, ao raiar do dia 4 de maio de 1938, aos 78 anos, quando faltavam dois dias de viagem para chegar a Yokohama. Foi substituído na presidência do Kodokan por Jiro Nango, seu sobrinho e exímio judoka, até que Risei Kano tivesse idade para assumir, em 1946.

A presidente da Liga Mundial de Esportes e Defesa Pessoal diante do Hikawa Maru em Yokohama, o único navio japonês que restou após a II Guerra Mundial.

O túmulo de mestre Kano está no Yahashira reien/cemitério, em Tokyo.

Foto do prof. J. Seguin, 8º dan (à esquerda); prof. Y. Kano (neto), 4º dan (ao centro); prof. I. Abe, 10º dan (à direita) e outros, em frente ao túmulo de Kano.

Kano online

Hoje em dia temos até jogos eletrônicos sobre Judô, que trazem a tradicional foto do mestre Kano no shomen, como o recém-lançado Online Judo Fighting (Competição de Judô em Linha Direta)

http://www.onlinejudofighting.com/english.htm

Qualidades listadas no jogo:

· Coragem

· Energia

· Força

· Destreza

· Determinação

· Concentração

Graus: tem Kyus e Dan e exames

Por enquanto, somente em Holandês e em Inglês

© Resumos de partes do livro A Saga do Judô – in prelo –


Expediente

KATA刀A – Revista Eletrônic@ de Judô


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Aviso aos navegantes

Esta revista utiliza alguns caracteres japoneses – o que é inevitável em qualquer obra sobre o judô. Para que seu computador consiga “ler” corretamente os caracteres, é indispensável a instalação de algumas fontes, embora os caracteres já se encontrem no Unicode.

O assunto está muito bem explanado na Wikipédia, de onde você poderá obter as informações e as ligações para instalação dependendo do tipo de computador e sistema operacional que esteja usando:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ajuda:Suporte_multilingue_(Ásia_Oriental)

Quem sou eu

Brazil
Roberto Resende, Especialista em Educação a Distância, Traumatologista buco-maxilo-facial, go(5º)-dan de judô, Instrutor de defesa pessoal feminina, C.B.J. reg. nº 46.284 , Kodokan nº 560401024